16 de janeiro de 2010

Peter Singer e o que realmente destroi o planeta

"O mais recente livro de Peter Singer publicado em Portugal é uma recolha de diversos trabalhos seus que procuram apresentar a totalidade do seu pensamento. O livro foi publicado em resposta aos protestos que se seguiram aquando da sua contratação pela Universidade de Princeton. Efectivamente, a imensidão de pessoas que protestava contra a contratação de Singer tinha uma ideia errada das suas posições, assim como o público austríaco e alemão, cujos manifestantes nunca permitiram que Singer discursasse e onde chegou a ser agredido fisicamente. O relato assustador do seu processo de silenciamento na Áustria e na Alemanha é feito por Singer num dos capítulos deste livro.
É comum Singer provocar reacções adversas muito violentas, mas isso não deveria ser surpreendente. Qualquer pessoa que ponha ideias feitas em causa gera anticorpos e a filosofia tipicamente põe ideias feitas em causa porque é em grande parte a análise cuidadosa dos nossos preconceitos mais queridos. Quando tais preconceitos dizem respeito a problemas esotéricos de epistemologia, metafísica ou filosofia da linguagem, ninguém se incomoda. Mas quando dizem respeito à eutanásia, à ajuda aos mais pobres, ao aborto ou ao modo como tratamos os animais não humanos, é natural que as reacções adversas se façam sentir.
O livro tem cinco partes, antecedidas por uma lúcida introdução na qual Singer explica quais são os quatro princípios éticos fundamentais nos quais baseia todas as suas posições. Como é típico na filosofia, estes princípios parecem aceitáveis, e num inquérito talvez a maior parte das pessoas os aceitasse. Contudo, conduzem Singer a conclusões que muitas pessoas não só se recusam a aceitar como acham ofensivas e intoleráveis, dignas de ser proibidas ou ignoradas. O primeiro princípio é que o sofrimento é intrinsecamente mau, "seja quem for aquele que sofre" (pág. 13), sendo igualmente mau independentemente de quem sofre. Por exemplo, o sofrimento dos brancos não pode valer menos ou mais do que o dos índios. O segundo princípio é que a maior parte dos animais não humanos — como os cães, cavalos, galinhas, porcos, vacas, etc. — pode sentir dor e sofrimento. O terceiro é que devemos unicamente ter em consideração cada ser, e não a espécie, raça ou sexo a que pertence, quando consideramos o mal de o matar. O quarto é que não somos responsáveis "só por aquilo que fazemos, mas também por aquilo que poderíamos ter impedido" (p. 13). Destes princípios seguem-se algumas das suas teses que mais irritam os críticos: que o sofrimento que provocamos nos animais não humanos para os comer é imoral; que a eutanásia e o aborto são morais, em certas circunstâncias, assim como o infanticídio; que o modo de vida europeu e americano é imoral, porque a generalidade das pessoas prefere comprar mais um par de calças de cem euros quando poderia dar esse dinheiro para ajudar a impedir uma criança em África de morrer à fome.
Uma parte importante da irritação que as pessoas sentem resulta de antropocentrismo. A distinção crucial entre pessoa e ser humano, estabelecida classicamente por John Locke, parece difícil de entender para muitas pessoas. Ser um ser humano é pertencer a uma dada espécie biológica, e isso só por si é moralmente irrelevante. Mas ser uma pessoa é ter determinadas características — consciência de si, projecção no futuro, autonomia — que são moralmente relevantes. Se um dia descobrirmos extraterrestres que falem connosco não podemos matá-los só por não serem seres humanos, tal como os europeus não tinham o direito de explorar e matar os índios e os negros só por não serem brancos.
A primeira parte do livro é uma breve introdução à ética, na qual Singer explica alguns mal entendidos em relação a esta disciplina. A segunda parte é dedicada à discussão da relevância moral dos animais não humanos. A generalidade do público pensa que só se fazem experiências dolorosas com animais não humanos para salvar vidas humanas, mas isto é falso. Outra ideia falsa que as pessoas têm é quanto ao modo como os animais para a alimentação são tratados pela indústria alimentar — as pessoas têm em mente as quintas tradicionais, mas isso não existe hoje em dia. A terceira parte é dedicada à pobreza mundial, ao aborto e à eutanásia. Singer apresenta aqui os seus cinco novos mandamentos, em substituição de cinco dos mandamentos tradicionais, assim como dados muito interessantes acerca da perspicaz fantasia inventada pelos médicos de Harvard — a morte cerebral — que é na verdade uma maneira de sancionar a eutanásia involuntária sem termos de passar pelo incómodo lhe chamar tal coisa. A quarta parte contém algumas das ideias de Singer mais atraentes para o grande público: ideias sobre o sentido da vida e sobre o que significa ser de esquerda hoje. Finalmente, na última parte Singer apresenta algumas notas pessoais: a referida nota sobre o seu silenciamento na Alemanha, o seu distanciamento relativamente ao activismo exacerbado em prol da libertação animal e finalmente uma entrevista.
Este é um livro de leitura contagiante, defendendo cuidadosamente ideias importantes, e servido por uma prosa elegante, clara e despretensiosa. Será irritante para muitas pessoas, mas quando a filosofia cumpre o seu papel de pôr em causa os nossos preconceitos mais queridos não pode evitar ser irritante."

 - este é um texto de Desidércio Murcho, filosofo que fila na lista de autores do blog De Rerum Natura, aquele que é para mim o melhor blog informativo português.  Ora, sobre Peter Singer, posso apenas dizer que conheço ha' bastante pouco tempo, mas a curiosidade levou-me a pesquisar sobre ele. Este homem tem posições enormemente polémicas mas que visam, na sua teoria, o fim do sofrimento humano e animal. Afinal, todos o queremos fazer, a questão é o que é necessario fazer para acabar com ele. Talvez tenhamos de abandonar enormes e massivas crenças que vivem apegadas a nos, mas é no fundo isto que a filosofia faz e sempre fez - acabar com o que esta maleficamente enraizado. Porque apenas ha 200 anos, nunca ninguém imaginaria que um dia um pais poderia subsistir sem um rei a mandar. Pois eu digo-vos que se algo mudou foi graças a atitudes filosoficas, de gente capaz de mudar atitudes, dos "tais" liberais". Pois os liberais são demasiado mal vistos e eu gostaria de perceber porquê. Eu gostaria de perceber em que é que se baseiam as pessoas quando criticam tão fortemente aquilo a que chamam anarquia. Porque ja experimentamos monarquias, ditaduras e democracia. Eu gostava de saber se alguma delas resultou. Resultou? Resultou? Resultou? Pois meus caros leitores, anarquia é um termo demasiado menosprezado. Eu não falo em cada um para seu lado, em cada um faz o que quer. Falo apenas que cada pessoa pode ter direito a viver, apenas isso. Porque da piramide das necessidades de Maslow, ninguém neste Mundo, absolutamente ninguém a tem completa. Alguns nem a primeira fase conseguem satisfazer. Agora perguntaria como pode ser considerado este Mundo minimamente justo quando esta situação permanece, permaneceu e permanecera' se não houver uma revolução. Falo da revolução da consciência, nunca de uma guerra bélica porque me oponho a esse tipo de soluções. Apenas estou a enumerar as ideias de Krishnamurti... Pois o que precisamos de utilizar neste momento, no's pessoas de paises desenvolvidos (apenas economicamente), são a base e o topo da pirâmide. Claro que as necessidades basicas estão preenchidas, e por isso utilizemos ja' o topo da piramide para permitir aos outros que possam usufruir da primeira fase, ou das necessidades basicas. Utilizemos a moralidade, criatividade, espontaneidade, solução de problemas, ausência de preconceito e aceitação de factos. Utilizemos isto em prol do mundo.
Quanto a Singer, tenho aqui uma entrevista dele em que poderão compreender melhor quais são as suas posições.

Vi, recentemente, um documentario chamado Home. (quem quiser ver clique aqui) E' sem duvida uma obra de arte este documentario, desde as imagens fabulosas até à musica que o acompanha. Porém, transmite algumas mensagens com que não concordo, embora goste do efeito consciente que pode trazer às pessoas. O que não gosto é da sensação que me deixou de que somos uns parasitas. Se virem com atenção, em certas alturas, é isso que nos dão a entender. E, por outro lado, diz que destruimos o meio ambiente, que não somos minimamente conscientes, que a culpa é toda nossa, no fundo. Agora gostava de saber quantas referências faz aos agentes poluentes enviados pelas grandes industrias, apenas refere que o ser humano isto, o ser humano aquilo. Isto é provocado maioritariamente por gente poderosa, e admito que nos de facto poluimos, mas porque temos de ser no's os unicos a ser sensiblizados? Eis onde quero chegar. Este documentario é financiado pelo grupo PPR. Este grupo é uma multinacional francesa, uma das maiores do Mundo também, que detém empresas especializadas em artigos de luxo. Mais concretamente - Gucci, Yves Saint Lorent, Sergio Rossi e mais seis empresas de topo. Mas não é so'. Detém também a Fnac, o Conforama e a La Redoute. Recentemente descobri também um "relativo" interesse do grupo PPR pelas energias renovaveis. E' que o seu maior financiador, o grupo Rexel (com filiação em Portugal) fez um enorme investimento em energias renovaveis. Resta saber se esse investimento foi bem empregue - não... E' que o desenvolvimento da tecnologia benéfica ao ambiente tem sido demasiado lento tendo em conta os desenvolvimentos que têm havido. Não percebo... Proclama-se aos molhos que temos de desenvolver a tecnologia, mas depois aparecem pessoas capacitadas com soluções bem mais tentaveis do que aquilo em que ainda se investe e ninguém liga. E' como investir para o desenvolvimento do comboio a vapor... Bem, sobre isto vejam este meu texto.
Voltando a Home, penso que ja' perceberam o que quero dizer: é um documentario espectacular porque nos sensibiliza a sermos mais conscientes em prol da natureza, mas mais uma vez tem interesses economicos por tras... Como em tudo...
Pois agora falo-vos sobre o que para mim esta' realmente a desiquilibrar a natureza. O genocidio em relação aos animais. A forma macabra como matamos os animais ignorando que eles também sentem dor. Vejam Earthlings que esse documentario fala por mim e dar-me-a' a razão que mereço. Peter Singer disse: "Se eu pudesse fazer com que todos no mundo vissem um filme, eu fa-los-ia ver Earthlings". Portanto, façam isso que irão mudar bem a vossa concepção do que deve ser a nossa prioridade para proteger a natureza. Porque não se esqueçam que ao matar desta forma os animais e em tão grande numero estamos a colocar em causa o equilibrio dos ecossistemas - e a extinção de espécies como a que nos arriscamos a provocar é bem mais perigosa que o aquecimento global, basta que nos informemos sobre as consequências de um desiquilibrio nos ecossistemas...

Fiquem bem e, claro esta', lutem por isso!

P.S.: Espero bastante controversia sobre este texto, e espero também que não se inibam de contrapôr o que aqui disse (sem insultos). Depois tratarei de defender a minha posição ou dar o braço a torcer, quiça'.

3 comentários:

  1. Excelente documentário o Earthlings, tomei definitivamente a decisão de ser vegetariano e alertar as pessoas para o que se passa nesta "sociedade profundamente doente" como o Krishnamurti diz. Tem de haver uma maior sensibilização das pessoas para estes problemas constantes e para estes preconceitos gerados pela nossa cultura, tenho vindo a acompanhar este site muito regularmente nestes ultimos 2 meses, e gostava de dizer que criei um "Twitter" só para poder "seguir" o blog, para dar mais incentivo ao Sr."Tarelho"!

    Espero que continue o bom trabalho e que continue a fazer uma boa pesquisa sobre o "sismo natural" do Haiti, que eu ansiosamente espero por ler!

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  2. Caro amigo desperto, obrigado pelo apoio e espero que desperte também outros. Infelizmente, sobre o Haiti, não posso ainda colocar nada, porque como afirmei antes, eu sigo o método cientifico. Coloco em causa todas as hipoteses (mesmo as mais improvaveis) e analiso-as, mas até agora ainda não encontrei nada que me leve a afirmar convictamente que o sismo no Haiti foi natural ou não. Para que possa ver por si o que ja' descobri pesquise por HAARP. Mais uma vez, agradecido pelo apoio e agradecido também pela ideia do twitter, que penso seriamente em seguir (temos de usar as armas modernas para avisar as pessoas). Vou criar conta até que ma cancelem por esta ou aquela razão, sabe como é - mundo "moderno"!

    Abraço a si e a todos os leitores.

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