8 de dezembro de 2010

A necessidade do consumo ou o consumo da falsa necessidade?

"Somos, ao contrário do que é hábito dizer-se, não uma sociedade de consumo, visada ao consumidor, mas uma sociedade de produção, virada ao produtor e seus interesses"
Agostinho da Silva


   Venho hoje falar de um homem que influenciou sobremaneira o Mundo que conhecemos. Pois se dizemos que fazemos parte de uma sociedade de consumo, aliciada pela publicidade e alimentada por materiais sem significado, devemo-lo a Edward Bernays. Edward Bernays foi um especialista do subconsciente humano e usou esse seu conhecimento em prol das grandes empresas. Assume-se na própria biografia que Bernays foi pioneiro na arte de utilizar o subconsciente para influenciar as massas. Ele era sobrinho de Freud e, usando os estudos do seu tio sobre psicanálise, juntando-os à ideia de Wilfred Trotter de que o Homem é um animal racional que reage irracionalmente quando se sente ameaçado, fundou ele próprio ideias que mudaram o Mundo. Se hoje existe a ideia de que o típico pequeno-almoço americano deve ser ovos com bacon, essa noção/tradição existe porque Bernays foi contratado por uma empresa que vendia bacon. Assim, convenceu um número de nutricionistas de que o pequeno-almoço deveria ser uma refeição pesada, porque representava o início de um dia de trabalho. Estes nutricionistas passaram a mensagem para o público em geral e hoje em dia o pequeno-almoço típico americano é constituído por ovos e bacon.
   Outro exemplo da influência deste homem é o facto de as mulheres fumarem. No início dos anos 20, ver uma mulher fumar era um escândalo. Até ao dia em que a Lucky Strike (empresa de tabaco) quis aumentar os lucros e decidiu contratar Bernays... Bernays quebrou o tabu e hoje em dia é perfeitamente natural e habitual ver uma mulher a fumar. A forma como conseguiu isto é bastante interessante. Numa parada em Nova Iorque, Bernays contratou um grupo de belas modelos, que  supostamente faziam parte de um grupo defensor dos direitos das mulheres. O anúncio que foi feito era de que o grupo iria levantar "tochas de liberdade". Ao sinal de Bernays, as mulheres tiram cada uma um cigarro e começam a fumar em público. Isto criou tanto impacto que no New York Times do dia seguinte vinha escrito: "Grupo de mulheres fuma como sinal de liberdade". Estava quebrado mais um tabu.
Todos estes pequenos exemplos de como Bernays influenciou o nosso Mundo podem ser vistos num documentário espectacular chamado "The century of the Self". Espero que o caro leitor o possa ver porque vale realmente a pena, para se compreender o que se passa à nossa volta.

Parte 1-"Máquinas de Felicidade":


Parte 2: "A Engenharia do Consentimento":


Parte 3: "Há um polícia dentro das nossas cabeças. Ele tem de ser destruído":

 
 Parte 4:



Eu próprio fui vendo este documentário aos poucos, mas vale realmente a pena. Até à próxima, fiquem bem e lutem por isso.